segunda-feira, 29 de abril de 2013

Preciso de Drummond

Ás vezes as situações se apresentam tão inusitadas, indescritíveis que preciso recorrer aos poetas.Os "meus" poetas, se me permitirem.Drummond, Leminsk, Cecília, Bandeira e às vezes João Cabral e Vinícius. Ou até Arnaldo Antunes. É...´w sim. Mas hoje, quase inverno em Vilhena... Drummond:

Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim. 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

domingo, 14 de abril de 2013

Alfabetizar no século XXI.

            ALFABETIZAÇÃO NO SÉCULO XXI

Quando os sujeitos chegam à escola para se apropriarem da Linguagem Escrita, uma coisa é evidente para escola e o professor: não precisamos ensinar a falar já que todos falam.O que mais sabem?Uma das coisas mais difíceis já aprenderam: andar. Sabem cantar, falar versinhos, contar histórias...e mil coisas mais.Pesquisei crianças de 3 anos e levantei o vocabulário: mais de 3 mil palavras.Duvidam? Só nome de personagens da TV vai um repertório imenso!
Foi Esther Pillar Grossi que disse uma vez, em Jiparaná: "Os alunos da escola pública chegam muito bons de cabeça, eu posso provar!" E acrescentou: "Tão bons quanto os de Genebra, pesquisados por Piaget." Então o que precisam saber, logo de início?
As pesquisa de Emília Ferreiro e seu colaboradores ( inclusive no Brasil) demonstram para poder aprender a linguagem escrita, os sujeitos precisam construir respostas para duas questões:
-------- O que a escrita representa?
--------Como é a estrutura dessa representação?
Por muito tempo as hipóteses dos sujeitos foram ignoradas. A escola partia do fácil ou difícil partindo da ideia dos adultos.
Os sujeitos a princípio não imaginam que a escrita representa a fala. Acham que é outra forma de desenhar.Ou que, palavras grandes representam objetos grandes e pequenas coisa como formiga, abelha.
Uma professora que alfabetizava na EEEFM Maria Arlete Toledo pediu a um menino que escreve caminhão no desenho que fizera de seu pai caminhoneiro. Ele respondeu: "Preciso de mais papel, não cabe no meu caderno!"      
O certo é que as teorias que fundamentam essas descobertas, de ciências como o a Psicolinguística, a Neurociência, a Sociolinguística, a Antropologia precisam ser visitadas e apropriadas pelos professores alfabetizadores. Assim poderão também elaborar uma nova Didática que favoreça a aprendizagem dos sujeitos de cabeça boa que "penetram" (dizia Paulo Freire) na escola pública brasileira.  

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Vida inteligente.

Conhecimento prévio

Uma imagem que ilustra o entendimento de "conhecimento prévio" é uma ponte.Ou como nos dias da minha infância, se dizia "pinguela," "mata-burro." O certo que a imagem é para significar "ligação" "link" para outra área  do cérebro.Em alfabetização é fundamental.Tive um aluno, acadêmico do curso de Ciências, já extinto na universidade de Rondônia que fez um depoimento interessante para ilustrar também. Disse ele: "já sei onde foi que fiquei burro, foi na escola! Cheguei do sítio, bem informado. Sabia quando plantar feijão, milho, como ordenhar as vacas, como nascem e de onde vêm os leitões.Mas ao chegar à escola me deparei com o texto - Xerxes mexeu com Xexéu! Fiquei bobo!" Naquela época ministrava aulas de Sociologia de Educação; o debate foi acalorado. Uns defendiam, outros condenavam a escola.
Demorei conhecer Ausubel, pesquisador americano.Para ele o conjunto de saberes que a pessoa traz como contribuição ao aprendizado é tão essencial que mereceu uma citação contundente, no livro Psicologia Educacional: "O fator isolado mais importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe. Descubra isso e ensine-o de acordo".
Volto ao assunto alfabetização.Emília Ferreiro que pesquisou as hipóteses que os sujeitos têm quando estão se apropriando da língua escrita descreve bem o conhecimento prévio que cada um já tem do que seja escrever.Ela entrevistou crianças da periferia de Buenos Aires e constatou que todos chegam à escola com um saber elaborado; resta à instituição, através dos professores bem preparados, bem remunerados, planejar atividades que contemplem esses saberes prévios. Então não haverá segredo para alcançar 100% de alfabetizados já no primeiro ano escolar. Ao contrário do que se pregoa, aos seis anos há sim vida inteligente!