segunda-feira, 18 de abril de 2011

Chacina de realengo


Só hoje me encontro em condições de registrar minha indignação. Chorei e continuo chorando!Chorei com os pais, com uma avó, com Ana Maria Braga, com a Presidente Dilma, minha xará. Penso que vou continuar indignada, não sei até quando, depois de ouvir o Senhor Ministro Fernando Haddad dizer com todas as Letras que nossas escolas continuarão abertas para a comunidade. Como assim? A Escola Municipal Tasso da Silveira pode ser tudo para a comunidade, sem ficar refém de bandidos, bêbados, tarados e malucos como o que matou esses adolescentes no Rio. Discordo como mãe, como avó, como professora e como cidadã brasileira.

Esse chavão "escola aberta à comunidade" é fraco sem for colocado à luz do dia a dia. Cito duas situações do meu município, de escolas estaduais. Se os alunos querem praticar a velha "pelada", já que outros esportes dependem de materiais, raramente são autorizados. Não há funcionários disponíveis para atendê-los.

Trabalhei, faz pouco, numa escola de turmas iniciais do ensino fundamental que depois de anos conseguiu uma quadra mal acabada para a prática da Educação Física, componente obrigatório do currículo nacional. Pois bem, as crianças jogavam e brincavam nos horários de prática dessa disciplina. A diretora e o professor foram convocados por um promotor da cidade para o seguinte:

"A escola precisa mudar os horários da prática porque os gritos dos alunos incomodam vizinhos.Nada de atividades nos finais de semana, onde já se viu?"

A diretora voltou aos prantos, se sentira humilhada e o professor, sabiamente não aceitava a recomendação.Também dei meu parecer na época:"devemos pedir ao promotor que faça isso por escrito já que essa jurisprudência não compete a ele e sim ao juiz da Infância e da Adolescência." E assim ficou .Um pastor havia agendado um Congresso a seis meses, a ser realizado na quadra da escola.Foi até ao juiz e conseguiu um "alvará" para o evento.

Sabia-se que o "vizinho" incomodado que pretendia mudar o horário da escola, era "amigo" do promotor.

Outros absurdos poderiam ser narrados aqui já que fui diretora de escola e me vi em situações de extrema dificuldade com falta de segurança na escola.

Restou-me um último desabafo:

-Senhor Ministro Fernando Haddad, o senhor tem filhos? Estão matriculados em escolas públicas?